Ultrassom terapêutico na consolidação óssea de fratura

A fisioterapia atua de forma positiva no tratamento de pacientes fraturados, pois possui um arsenal de recursos que visam permitir que o paciente se reabilite com uma melhor qualidade e em menos tempo.

Fratura qualifica a interrupção do tecido ósseo causado por diferentes situações como traumas, patologias ou ainda situações cirúrgicas, tendo como consequência a agressão física da estrutura (periósteo e endósteo).  A laceração durante a fratura faz com que hematomas e coágulos sejam formados pelo extravasamento de sangue devido o rompimento dos vasos do osso, bem como dos tecidos adjacentes sendo o motivo pelo qual as fraturas causam lesões neuróticas.

 

A consolidação da fratura é um processo de grande complexidade, que envolve a diferenciação celular e a proliferação, síntese de matriz extracelular e quiomiotaxia, objetivando o reestabelecimento da integridade mecânica do tecido ósseo. O processo de reparo ósseo pode ser desencadeado de diferentes formas, desde um retardo na consolidação até uma pseudoartrose, resultando em incapacidade ou déficit dos indivíduos lesionados.

 

A piezoeletricidade do tecido ósseo, que significa a capacidade de gerar sinais elétricos a partir de uma tensão mecânica, motivou diversos pesquisadores a desenvolverem técnicas que repercutissem na alteração do metabolismo ósseo, caso a consolidação não ocorresse no tempo esperado ou até mesmo para acelerar esse metabolismo em fraturas recentes.

Apesar dos crescentes avanços em algumas áreas sobre os procedimentos nas fraturas, a medicina pouco pode fazer para aumentar a velocidade de consolidação. Assim, terapias alternativas, que possam auxiliar na recuperação da fratura, são muito importantes, pois podem minimizar o tempo de tratamento, garantindo o retorno mais rápido às atividades de vida diárias e laborais.

A fisioterapia atua de forma positiva no tratamento de pacientes fraturados, pois possui um arsenal de recursos que visam permitir que o paciente se reabilite com uma melhor qualidade e em menos tempo. Uma das indicações que nos últimos anos vem ganhando destaque na literatura e cada vez mais utilizada em ambiente clínico, é utilização do US em fraturas, também conhecida como “Low-Intensity Pulsed Ultrasound” (LIPUS). Para isso, o fisioterapeuta precisa conhecer os parâmetros e como chegar a intensidades muito baixas modificando duty cycle, SATA e tempo de tratamento. No entanto, os equipamentos convencionais também podem ser utilizados para esse tratamento.

 

O Ultrassom terapêutico induz mudanças fisiológicas como ativação de fibroblasto, colágeno e diminuição de células inflamatórias por aceleração do metabolismo celular, sendo assim, influenciando diretamente no processo de reparação dos tecidos, inclusive o tecido ósseo.

As cargas elétricas necessárias ao reparo ósseo são produzidas no osso pelo efeito piezoelétrico, o ultrassom pulsado atinge a superfície do osso por uma sucessão de impulsos, cada um deles resultando em um sinal elétrico como resposta do osso.

A colocação de cargas elétricas na superfície celular, decorrente da aplicação de energia ultrassônica pulsada, mantém a polarização elétrica média enquanto durar o estímulo. Essa polarização faz com que os osteoblastos alterem seus potenciais de membrana permitindo a captação de nutrientes e o bombeamento de íons. O estímulo elétrico produz uma maior atividade das células, as quais se agruparão segundo a polaridade compatível com a sua natureza, isto é, os osteoblastos serão atraídos pelo pólo negativo e os osteoclastos pelo pólo positivo, promovendo assim o reparo ósseo.

 

A terapêutica mais indicada e descrita para este fim é a aplicação dos parâmetros convencionais com frequências menores (1MHz), com tempos mais elevados (20 minutos de aplicação), no modo pulsado (20%), doses mais baixas (0,1 a 0,5 W/cm²), SATA de 0,03 a 0.1 W/cm², com técnica estacionária no local da fratura. Através da literatura, que vem corroborando de maneira significativa, é possível observar que o ultrassom terapêutico, quando aplicados em fraturas tem a capacidade de reduzir o tempo de consolidação óssea.

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